Ensaios Poéticos: alma indiferente
Não vês que minha alma indiferente
não sente, não vibra, não vive…
Que eu nunca devia ter nascido assim descrente,
Que pranteio o fado de existir que eu tive?
Sou sem Deus, sem lei, e sem amor
Sem “eu”, apesar de eu também ser
Não tenho crenças e sinto horror
de crer que eu não sei crer
Se tenho alma, não sinto
Ela deve ser dura como o granito
maior que o infinito
E mentir mais do que eu minto
Nem sem bem porque existe
Este meu olhar todo circeu
Nesta minha face triste
Se o resto há muito já morreu
Procuro às vezes quando a noite é linda
Caminhar a estrada cheia de abrolhos
E já faz muito e eu tenho ainda
Mas falta luz pra estes meus olhos…
E tu, se chegas, tem cuidado
Por mim tantas passaram sorridentes
E ao pecarem, por pecado
Partiram quase todas tão descrentes
Se amanhã tu foges apressada e triste
Oh! Nunca venhas me abraçar sorrindo,
Não chegues e ao chegar partindo
Eu venha a soluçar porque partiste
Se vieres traz tua alma imaculada
Eu te receberei todo sem medo
E minha boca já não calada
Vai te contar baixinho o meu segredo
Dinoê- meu pai (em memória)