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Vera Canhoni

Envolvimento: uma proeza e tanto – Winnicott em pequenas doses

Envolvimento: uma proeza e tanto – Winnicott em pequenas doses

 

A capacidade de se envolver é uma questão de saúde, uma capacidade que, uma vez estabelecida, pressupõe uma complexa organização do ego, que pode ser concebida como uma proeza, uma proeza dos cuidados proporcionados ao bebê e à criança, e uma proeza em termos dos processos de crescimento interno do bebê e da criança.

 

Segundo Winnicott, o envolvimento é uma característica importante na vida social e a origem da capacidade de envolvimento apresenta um problema complexo.

Envolvimento implica integração e crescimento em termos do desenvolvimento pessoal e se refere ao fato do indivíduo conquistar a capacidade de se preocupar, bem como de sentir e aceitar as responsabilidades frente aos seus impulsos mais primitivos e instintivos.

A origem da capacidade de envolvimento está apoiada nas mais remotas relações entre a mãe e o bebê.

Geralmente se descreve a origem da capacidade de envolvimento em termos das relações mãe-bebê, quando a criança já constitui uma unidade estabelecida e sente a mãe, ou a figura materna, como pessoa total. É um desenvolvimento que se liga essencialmente ao período da relação de dois corpos.

Segundo a concepção de Winnicott todo ser humano traz consigo uma tendência inata à integração num todo unitário, mas certas condições externas são necessárias para que os potenciais de maturação se concretizem.

Assim sendo, o desenvolvimento emocional depende de um ambiente suficientemente bom; sem os cuidados maternos adequados as etapas do desenvolvimento podem se desdobrar de modo precário ou não acontecer.

Certas condições são necessárias para que os potenciais de amadurecimento se concretizem. Uma delas é a capacidade da mãe (ou daquele que cuida do bebê) oferecer um ambiente saudável e confiável capaz de sustentar a tendência inata ao amadurecimento que o bebê carrega em si mesmo.

A capacidade de se envolver é uma questão de saúde, uma capacidade que, uma vez estabelecida, pressupõe uma complexa organização do ego, concebida como uma proeza, uma proeza dos cuidados proporcionados ao bebê e à criança, e uma proeza em termos dos processos de crescimento interno do bebê e da criança.

Quando há um ambiente suficientemente bom nos estágios iniciais a experiência amor-ódio, implicará – em seu enriquecimento e aprimoramento – à realização da ambivalência e à emergência do envolvimento.

Sendo assim, o envolvimento surge na vida do bebê como uma complexa e rica experiência de integração.

 

Eventos

 

WINNICOTT. D.W. Privação e Delinqüência. Trad. Álvaro Cabral, 3aed. São Paulo: Martins Fontes, 1999

 

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