Freud – oscilações inconsciente e livres associações – Degustação psicanalítica
Quando Freud proclamou que o psicanalista e o analisando estavam envolvidos em mútuas ondas de oscilação inconsciente, do transmissor (paciente) para o receptor (psicanalista), ele sugeriu que o analista e o analisando estivessem em comunicação inconsciente um com o outro.
Na psicanálise, o clínico usa um senso intuitivo para captar, elaborar e trabalhar as ações de transferência do paciente, conteúdos narrativos e livres associações.
Não importa sobre o que o paciente fale ou, na verdade, em que ocasiões o analista reúna conscientemente significados entre as narrações do paciente: o clínico elabora estas narrativas junto com suas associações.
Elaboração imaginativa do analista – narrativa do paciente
A elaboração imaginativa do analista sobre a narrativa do paciente é frequentemente menos organizada, se parece mais com a substância do processo primário do que a narrativa mais coerente do paciente.
O analisando – por mais que seja livre em suas associações – é ainda perturbado pela sensibilidade do discurso.
Falar é ser coerente; mas o analista é livre para calar-se.
Muito do que pensa é mantido no mundo de silêncio absoluto, num mundo interno que aumenta mais o livre jogo de ideias:
imagens, palavras, sentimentos, estados somáticos e afinidades corporais confluem num coro móvel de captação psíquica.
Sobrecarregado com a tarefa de narrar o self, o paciente fica restrito dentro de sua fala, enquanto ao psicanalista fica permitido o uso de uma gama mais ampla de associações livres internas.
Psicanalista faz associações – paciente luta com a carga retórica da narração
Enquanto o paciente fala, o psicanalista faz associações.
Enquanto o paciente luta com a carga retórica da narração, o analista costuma perder-se em seus pensamentos.
O paciente organiza o material que se desagrega na mente do analista quando este dissemina por várias vias psíquicas, exatamente como Freud fazia com seus próprios sonhos e os de seus pacientes.
Christopher Bollas
Bollas Christopher. Sendo um personagem. Rio de Janeiro, Livraria e Editora Revinter Ltda,1998