Pular para o conteúdo

Vera Canhoni

Confiança e separação como formas de amar – O feminino em análise

Confiança e separação como formas de amar – O feminino em análise

Breve recorte do pensamento de Françoise Dolto sobre o amor humano, a confiança e a separação como formas de amar.

Amor e confiança

O amor humano constrói-se, desde o início da vida, a partir da confiança no outro.

A manifestação sincera de um sentimento por outra pessoa está ligada a percepções externas e internas, por ocasião das trocas com o meio de vivência de nosso organismo.

Em sua gênese, os sobressaltos do coração estão estreitamente ligados às sensações físicas, e à mãe nutriente que é, para o corpo do bebê, agasalho e fonte de alimento.

Sua presença abrangente (…) é também presença repetitiva, fonte de bem-estar, eliminadora de mal-estar.

A pessoa essencial na origem de todas as relações – a mãe – continua sendo para a criança a mais essencial das presenças tranqüilizadoras para suportar todas as outras separações.

Dor da ausência e forma de amar

A essas primeiras referências arcaicas da relação com os outros se articulam todas as situações de encontro significativo de similitude emocional.

A harmonia nasce da alegria dos reencontros e da saudade das separações.

Se nunca nos tivéssemos separado, no tempo e no espaço, daqueles com quem sentimos o prazer de estar juntos, não saberíamos o que é amar.

Amar é esse movimento do coração para a imagem do ausente a fim de aliviar em nós mesmos a dor da sua ausência.

Linguagem – alegria de reencontros

É a elaboração em pensamento e em atos da lembrança dos momentos de sua presença, é a invenção de meios de comunicação com esse outro, à distância, é o investimento dos lugares, dos tempos, dos objetos-testemunhas desses encontros, que servem de suporte para o elo simbólico.

A linguagem trocada com o outro, a recordação das palavras ditas, a invenção de palavras para revestir de sentido as recordações que temos dele, criam uma linguagem interior.

A dor da separação sentida em nós mesmos, e também pelo outro, testemunha a distância, e, quando eles se reencontram, faz com que dois seres humanos se sintam harmonizados em desejo e em amor.

Eventos

 

Dolto, F. Sexualidade Feminina: libido, erotismo, frigidez. tradução Roberto Cortes de Lacerda. 3a edição – São Paulo: Martins Fontes, 1996.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *