Psicanálise – Objetivos tratamento psicanalítico: permanência e posição analista
Um dos objetivos do tratamento psicanalítico tocante à permanência e posição do analista na concepção de D.W.Winnicott diz respeito à capacidade do analista para manter-se vivo, bem e desperto durante todo o processo de uma análise.
Dentro dessa perspectiva o autor destaca que a comunicação com o paciente deve se configurar a partir da posição em que a neurose (ou psicose) de transferência estiver em curso num dado processo analítico.
Espaço potencial – solidão essencial
Diante das vicissitudes transferenciais, a fim de privilegiar a interpretação ou o manejo, cabe ao analista transitar no espaço potencial que lhe é próprio ou, mais fundamentalmente, na experiência de si.
Na psicologia do indivíduo há um aspecto importante do relacionamento sobre o qual podemos dizer que mesmo no contato mais íntimo possível, haverá uma ausência de contato; de modo que cada indivíduo manterá, essencialmente, um isolamento absoluto, permanentemente e para sempre.
Nesses termos, é na sustentação desse paradoxo (contato mais íntimo/ausência de contato) que a habilidade para transitar por meio das vias do manejo e/ou da interpretação possibilita a permanência e posição do analista em face a especificidade da transferência de cada processo analítico.
Posição analista – fenômeno de transição
Desse modo, como um “fenômeno de transição” a flexibilidade da posição do analista é característica fundamental em face ao encaminhamento do processo analítico.
Alicerçada à capacidade da compreensão dos estágios mais primitivos do desenvolvimento, a sensibilidade do analista para ser suporte das peculiaridades transferenciais traz valiosas contribuições no que se refere à importância do manejo em situações para as quais a interpretação perde a sua força.
No exercício da interpretação ou do manejo, fazer face à capacidade criativa do analista diz respeito aos fenômenos da transicionalidade.
Sustentar um campo de maleabilidade operacional através do qual a interpretação ou o manejo podem transitar, reside na experiência de ser que traça paralelos com os estados da solidão essencial em cujo desdobramento encontramos a capacidade para se manter vivo, bem e desperto.
WININICOTT, D. W. (1955). Formas Clínicas da Transferência. In: Da Pediatria à Psicanálise. Rio de Janeiro, Imago
—————————– (1962) Os objetivos do tratamento psicanalítico. In: O Ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre, Artmed.
—————————– (1990) O ambiente. In: Natureza Humana. Rio de janeiro, Imago.