Tratamento psicanalítico
O tratamento psicanalítico para Winnicott não era exclusivamente interpretativo, mas primeiro e antes de tudo, a provisão de um ambiente adequado; um “ambiente de holding” análogo ao cuidado materno.
Nesse sentido, o autor revela a importância de estabelecer um setting analítico de modo que o paciente não sofra uma tradução autoritária – tendo seu inconsciente exposto de volta para si, em sua forma original –, mas seja capacitado pelo analista, “a se revelar para si mesmo”.
Contexto para a confiança
A psicanálise não se resume a interpretar o inconsciente reprimido; é, antes, o fornecimento de um contexto profissional para a confiança – a provisão de um setting profissional para a confiança, no qual esse trabalho pode acontecer.
A interpretação, como parte do setting, objetiva reconhecer e reconstruir aquilo que esteve ausente na provisão parental, quais necessidades de desenvolvimento não foram reconhecidas.
Ao lado disso se encontra o sentido de identidade pessoal, que é essencial a todo ser humano; e só pode se realizar de fato em cada indivíduo em função da maternagem satisfatória de um suprimento ambiental do tipo do “segurar” durante os estágios de imaturidade.
Cuidar-curar – desenvolvimento pessoal
Quando falo em cura no sentido do “cuidar-curar”; significa cuidado a serviço do desenvolvimento pessoal.
Num contexto profissional, dado o comportamento profissional apropriado, pode ser que paciente encontre uma solução pessoal para problemas complexos da vida emocional e das relações interpessoais; o que fizemos não foi aplicar um tratamento, mas facilitar o crescimento.
O terapeuta deve ter uma capacidade de conter os conflitos do paciente, quer dizer, contê-los e esperar por sua resolução dentro do paciente, ao invés de ansiosamente procurar por uma cura.
Psicoterapia psicanalítica para (re) inventar o viver
Eventos
PHILLIPS, A. Winnicott. Trad. Alessandra Siedschlag. Aparecida, SP: Idéias & Letras: São Paulo, 2006
WINNICOTT. D.W Tudo começa em casa. Trad. Paulo Sandler, 2ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.