Psicanálise: A criatividade como arco fundante – parte 3/4
Assim, no campo do trabalho analítico, oferecer e dar lugar às contribuições mais originais como acesso ao potencial criativo do analisando não só favorecerá a recuperação das facetas de sua criatividade, bem como promoverá o enriquecimento de suas experiências e vivências mais pessoais.
Para tanto, é indispensável que o analista, munido e nutrido de sua própria criatividade, possa silenciosa e continuamente, apoiar os desdobramentos da “temporalidade”, a fim de sustentar que novos aspectos (mais pessoais e singulares) possam surgir.
Ao aceitar e consentir que o analisando encontre e (re) encontre – no campo do espaço analítico – algo que ele mesmo foi capaz de criar, é o mesmo que oferecer a oportunidade para que ele recupere facetas de si mesmo e, de forma ímpar, construir a própria trajetória.
Acolher e testemunhar o gesto mais original e criativo do analisando requer a capacidade e habilidade do analista para sustentar, na dinâmica psíquica de cada um de seus analisandos, seus intervalos, seus ritmos e compassos – ou seja, a cadência das idas e vindas, da presença ou ausência frente ao processo analítico e em face às novas experiências.
Na qualidade de guardião daqueles que necessitam e/ou desejam encontrar as facetas para um viver criativo é indispensável que o psicanalista tenha a flexibilidade necessária para sustentar certa envergadura (arco ou ponte) que o torna capaz de acolher, esperar e confiar no espaço analítico como campo e lugar para a emergência do novo.
Desse modo, é fundamental que o analista reconheça o gesto criativo do analisando ao mesmo tempo em que permite, aceita e cria as possibilidades para que ele – na qualidade de um agente singular – desfrute, em seu próprio ritmo, das possibilidades para a continuidade das suas experiências.
Psicanálise: A criatividade como arco fundante – parte 4/4
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