Psicanálise: A criatividade como arco fundante – parte 2/4
Mas, para ser base das experiências criativas e do viver criativo é indispensável que essa primeira experiência (criatividade potencial) possa contar com o suporte de uma mãe suficientemente apta a adaptar-se às necessidades do bebê.
Estar suficientemente apta para adaptar-se às necessidades do bebê significa, no momento mais primordial, permitir que o bebê, em decorrência do impulso originado na necessidade, tenha a ilusão de criar o objeto da satisfação.
Dito de outro modo,
“[…] alguns bebês têm a sorte de contar com uma mãe cuja adaptação ativa inicial à necessidade foi suficientemente boa. Isto os capacita a terem uma ilusão de realmente encontrar aquilo que eles criaram (alucinaram).” (Winnicott, 1962/1990)
“O impulso criativo, portanto, é algo que pode ser considerado como uma coisa em si, algo naturalmente necessário a um artista na produção de uma obra de arte, mas também algo que se faz presente quando qualquer pessoa – bebê, criança, adolescente, adulto ou velho – se inclina de maneira saudável para algo ou realiza deliberadamente alguma coisa, (…) – a fim de que seu impulso criativo possa tomar forma e o mundo seja testemunha dele.” (Winnicott: 1971/1975)
Bem, desdobrando um pouco essas questões para o contexto da prática clínica – no encontro entre o analista e o analisando – como essa criatividade em potencial pode vir a se estabelecer no âmbito do trabalho analítico?
De certo modo, boa parte daqueles que procuram vivenciar uma experiência analítica não só pretendem dar forma ao seu impulso criativo (viver criativamente) como abrir um campo fértil para que a continuidade das suas experiências sejam ampliadas e experimentadas em face aos estados mais livres e espontâneos de ser.
Psicanálise: A criatividade como arco fundante – parte 3/4
Eventos