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Vera Canhoni

Relato de sonho: complexa sinfonia psíquica de sentimentos – Degustação psicanalítica

Relato de sonho: complexa sinfonia psíquica de sentimentos – Degustação psicanalítica

 Associações internas do analista

Por mais que observemos o analista não fica neutro quando escuta o relato de um sonho, e,

por mais associações que faça o sonhador, cada analista é prolífico, com suas próprias associações internas,

movimentando-se em uma complexa sinfonia psíquica de sentimentos,

imagens vislumbradas, palavras decifradas, coleta avaliação interpessoal, escuta de histórias, intervalos meditativos.

Mesmo que o analista pense que a maioria destas associações internas seja lúcida, não é assim.

As verdadeiras leis do discurso interno e representações internas significam que estas condensações são elas próprias condensações de trabalho prévio alcançado dentro da análise.

 

Captação da realidade psíquica do paciente 

Nossa captação da realidade psíquica do paciente é somente em parte pensável;

sua lógica é mais próxima da natureza da poesia e da música do que do pensamento abstrato ou,

usando uma terminologia psicanalítica, do processo secundário.

Qualquer relato de sonho sempre desperta a curiosidade do analista, já que ele agora é também em parte

um detetive selecionando cuidadosamente através dos novelos fornecidos pelos conteúdos manifestos.

Como um observador da infância, ele nota onde, como, se de algum modo o sonho expressa o infantil,

e como o intérprete de transferência presta atenção ao sonho como uma expressão da experiência que o paciente tem do analista.

 

Relação dialética entre paciente-analista 

A relação paciente-analista é inevitavelmente dialética, já que cada participante destrói a percepção do outro e a versão retórica que o outro teve dos acontecimentos,

para criar o terceiro objeto intermediário,

uma síntese,

que não é propriedade de nenhum destes participantes

e objetifica a perda dos desejos onipotentes de possuir a verdade,

ao situar os participantes neste lugar de colaboração do qual pode emergir a verdade analiticamente útil.

Christopher Bollas

Bollas Christopher. Sendo um personagem. Rio de Janeiro, Livraria e Editora Revinter Ltda,1998.

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