Construção – alternativa à destruição – Winnicott em pequenas doses
Condições ambientais favoráveis – aceitação pessoal e responsabilidade
Na criança em processo de amadurecimento surge uma alternativa muito importante à destruição. É a construção.
Tentei descrever um pouco da maneira complexa como, em condições ambientais favoráveis, um impulso construtivo está relacionado com a aceitação pessoal, por parte da criança, da responsabilidade pelo aspecto destrutivo de sua natureza.
Saúde e brincar construtivo – relação entre agressão e construção
Um dos mais importantes sinais de saúde é o surgimento e a manutenção, na criança, do brincar construtivo.
Trata-se de algo que não pode ser implantado. Aparece, com o tempo, como resultado da totalidade das experiências de vida da criança no ambiente, proporcionada pelos pais ou pelos que atuam como pais.
Essa relação entre agressão e construção pode ser comprovada se retirarmos de uma criança (ou de um adulto) a oportunidade de fazer alguma coisa pelos que lhe são próximos e queridos ou a possibilidade de “contribuir”, de participar na satisfação das necessidades da família.
Faz-de-conta – modo de participar
Uma criança participa fazendo de conta que cuida de um bebê, arruma a cama, usa a máquina de lavar ou faz doces; e uma condição para que essa participação seja satisfatória é que esse faz-de-conta seja levado a sério por alguém.
Se alguém zomba, tudo se converte em pura mímica, e a criança experimenta uma sensação de impotência e inutilidade físicas. Então, facilmente poderá ocorrer uma explosão de franca destrutividade e agressão.
Tempo para controlar excitações agressivas
É necessário muito tempo para que a criança domine as ideias e excitações agressivas e seja capaz de controlá-las sem perder a capacidade para ser agressivo em momentos apropriados, seja ao odiar ou ao amar.
Cuidando de crianças, observamos que elas tendem a amar aquilo que machucam.
Machucar faz parte da vida da criança e a pergunta é: de que maneira seu filho encontrará uma forma de aproveitar essas forças agressivas para a tarefa de viver, amar, brincar e (finalmente) trabalhar?
WINNICOTT. D.W. Privação e delinqüência. Trad. Álvaro Cabral, 3aed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.