Retraimento e regressão – Winnicott em pequenas doses
A ideia central desse comunicado é a de que quando sabemos a respeito da regressão dentro da sessão analítica, podemos acolhê-la imediatamente e,
desse modo permitir que os pacientes não doentes demais façam uma regressão necessária em fases de curta duração.
Eu diria que no estado de retraimento o paciente está dando uma sustentação para o eu,
e que se no momento em que o retraimento aparece
o analista consegue fornecer uma sustentação para o paciente, então, aquilo que teria sido um retraimento transforma-se em regressão.
A vantagem da regressão é que ela traz consigo a possibilidade de corrigir uma adaptação inadequada à necessidade do paciente na sua infância precoce.
Ao contrário, o estado de retraimento não apresenta utilidade alguma, e quando o paciente recupera-se dele, nada mudou.
Toda vez que compreendemos profundamente um paciente, e o mostramos através de uma interpretação correta e feita no momento certo,
estamos de fato sustentado, o paciente, e participando de um relacionamento no qual ele se encontra até certo ponto regredido ou dependente.
Acredita-se geralmente que existe um certo perigo na regressão do paciente durante o tratamento psicanalítico.
O perigo não tem origem na própria regressão, mas no fato de o analista não estar pronto para acolhê-la, bem como à dependência que dela faz parte.
Quando o analista passa por experiências que lhe permitem confiar no manejo da regressão, é possível dizer que quanto mais rápida e completamente ele vier a acolhê-la,
menos provavelmente o paciente precisará desenvolver uma doença com características regressivas.
WINNICOTT. D.W Retraimento e Regressão. In: D.W.Winnicott. Da Pediatria à Psicanálise: obras escolhidas. Trad. Davy Bogomeletz. Rio de Janeiro: Imago, 2000. (Trabalho original publicado em 1954)
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