Neurose obsessiva – sintomas e sentido – Freud em pequenas doses
Neurose obsessiva e histeria são formas de doença neurótica em cujo estudo a psicanálise se baseou.
O sentido dos sintomas neuróticos foi descoberto entre 1880 e 1882 num caso de histeria que se tornou famoso.
A psicanálise estabeleceu que os sintomas têm um sentido e se relacionam com as experiências do paciente.
Os sintomas neuróticos, têm, assim como os atos falhos e os sonhos, uma conexão com a vida de quem os produz.
Como se manifesta a neurose obsessiva
A neurose obsessiva se manifesta quando o paciente se ocupa de pensamentos nos quais realmente não está interessado; tem consciência de impulsos dentro de si mesmo que lhe parecem estranhos e se percebe compelido a determinadas ações cuja realização não lhe oferece satisfação alguma.
Os pensamentos (obsessões) podem ser carentes de significação ou simplesmente um assunto sem importância para o paciente; são frequentemente absurdos e pontos de partida de intensa atividade mental.
Pensamentos repetidos e proibições
O paciente obriga-se – contra sua vontade – a remoer pensamentos e a especular, como se se tratasse dos seus mais importantes problemas vitais.
Os impulsos aos quais o paciente percebe em si próprio, também podem causar uma impressão de puerilidade e falta de sentido; via de regra, têm um conteúdo da mais assustadora categoria, tentando-o, por exemplo a cometer graves crimes, de modo que não só os rechaça como alheios a si, mas deles foge com horror e se resguarda de executá-los recorrendo a proibições, renúncias e restrições em sua liberdade.
Ao mesmo tempo esses impulsos nunca – literalmente nunca – forçam seu caminho rumo à realização; sempre obtêm vitória a fuga e as precauções.
Atos obsessivos
Os denominados atos obsessivos são coisas muito inofensivas e certamente banais, na sua maior parte, repetição ou elaborações rituais das atividades de vida corrente.
Não suponham que ajudarão o paciente admoestá-lo para que adote uma nova conduta e deixe de ocupar-se com esses pensamentos absurdos e faça algo sensato em lugar de suas extravagâncias infantis.
Ele próprio gostaria de fazê-lo, pois está perfeitamente lúcido acerca de seus sintomas neuróticos, e até mesmo expressa-os espontaneamente.
Só que ele próprio não consegue ajudar-se a si mesmo.
Existe apenas uma coisa que ele pode fazer: realizar deslocamentos, trocas;
substituir uma ideia absurda por outra um pouco mais atenuada, em vez de um cerimonial pode realizar um outro.
Deslocamento da obsessão
Pode deslocar a obsessão, mas não a remover.
A possibilidade de deslocar qualquer sintoma para algo muito distante da sua conformação original é uma das principais características dessa doença.
Além das obsessões, de conteúdo positivo e negativo, a dúvida se faz notar na área intelectual e, lentamente começa a corroer até mesmo aquilo que geralmente é tido como muito certo.
A situação inteira termina em um grau sempre crescente de indecisão, perda de energia e restrição da liberdade.
Eventos
FREUD, S. Conferências Introdutórias sobre Psicanálise (parte III) In: Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, Volume XVI. Teoria Geral das Neuroses – O sentido dos sintomas. Trad. Sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro, Imago, 1994