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Vera Canhoni

Rilke – Solidão tempo e paciência – Bordas do Inconsciente

Rilke – Solidão tempo e paciência – Bordas do inconsciente

Trabalhos de arte – solidão infinita – tempo

Os trabalhos de arte são de uma solidão infinita: para os abordar, nada pior do que a crítica.

Só o amor pode prendê-los, conservá-los, ser justo com eles.

Dê sempre razão ao seu próprio sentimento, contra essas análises, esses resumos, esses preâmbulos.

Mesmo que se iluda, o desenvolvimento natural da sua vida interior conduzi-lo-á, aos poucos, com o tempo, a um outro estado de conhecimento.

Levar a termo e dar à luz

Deixe que os seus julgamentos tenham a sua evolução natural, silenciosa.

Não se oponha a esta evolução que, como todo aperfeiçoamento, deve vir do âmago do seu ser e não pode suportar coação nem pressa.

“Levar a termo e dar à luz” – eis tudo.

Amadurecer na treva – no inconsciente

É necessário deixar cada impressão, cada germe de sentimento, amadurecer em si, na treva, no inexprimível, no inconsciente – essas regiões herméticas ao entendimento.

Paciência e tempo – alvorada de uma nova luz

Espere com humildade e paciência a alvorada de uma nova luz.

Aos simples fiéis, a Arte exige tanto como aos criadores.

O tempo, neste caso, não é uma medida. Um ano não conta, dez anos não representam nada.

Ser artista não significa contar, é crescer como a árvore que não apressa a sua seiva e resiste, serena, aos grandes ventos da primavera, sem temer que o verão possa não vir.

Paciência é tudo

O verão há de vir.

Mas só para aqueles que sabem esperar, tão sossegados como se tivessem na frente a eternidade.

Aprendo todos os dias, à custa de sofrimento que abençôo: a paciência é tudo.

Raine Maria Rilke

Rilke, R.M. Alguns poemas e cartas a um jovem poeta. Rio de Janeiro, Ediouro, 1997

 

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