Não te amo como uma criança, nemComo um homem e nem como um mendigo
Amo-te como se ama todo o bemQue o grande mal da vida traz consigo.
Não é nem pela calma que me vem
De amar, nem pela gloria do perigo
Que me vem de te amar, que te amo; digo
Antes que por te amar não sou ninguém.
Amo-te pelo que és, pequena e doce
Pela infinita inércia que me trouxe
A culpa é de te amar – soubesse eu verAtravés de tua carne defendida
Que sou triste demais para esta vida
E que és pura demais para sofrer.
MORAES, V. Poesia completa e prosa. Obra completa, Rio de Janeiro: GB, Companhia José Aguilar, 1974.