Condição para o amor: boa relação com nós mesmos – Degustação psicanalítica
Nas palavras de Melanie Klein: a condição para o amor
Se, no inicio do nosso desenvolvimento, conseguimos transferir nosso interesse e amor pela mãe para outras pessoas e fontes de gratificação, então, e somente então, conseguiremos ter outras fontes de prazer em nossa vida posterior.
Se a voracidade frustrada, o ressentimento e o ódio dentro de nós mesmos não perturbarem a relação com o mundo exterior, há inúmeras maneiras de absorver a beleza, o bem e o amor que vêm de fora.
Novas e felizes memórias – contentamento
Ao fazer isso, adquirimos constantemente novas memórias felizes e montamos gradualmente um conjunto de valores através dos quais obtemos uma segurança que não pode ser facilmente abalada, além de um contentamento que evita a amargura.
Quanto mais satisfação verdadeira experimentamos, menos nos ressentimos das privações e menor é o domínio que nosso ódio e nossa voracidade exercem sobre nós.
A capacidade essencial de “dar e receber” então terá se desenvolvido em nós de uma maneira que assegura nosso contentamento, ao mesmo tempo em que contribui para o prazer, o conforto e a felicidade dos outros.
Boa relação com nós mesmos – condição para o amor
Ter uma boa relação com nós mesmos é uma condição essencial para o amor, a tolerância e a sabedoria para com os outros.
Como procurei demonstrar, essa boa relação com nós mesmos se desenvolve a partir de uma atitude amistosa, compreensiva e amorosa para com as outras pessoas, ou seja, aqueles que tiveram muito importância para nós no passado.
Nossa relação com essas pessoas se torna parte de nossa mente e de nossa personalidade.
Se, no fundo da nossa mente inconsciente, conseguimos liberar até certo ponto os sentimentos que temos pelos nossos pais do ressentimento, se os perdoamos pelas frustrações que tivermos que sofrer, então podemos ficar em paz com nós mesmos e amar os outros no verdadeiro sentido da palavra.
Klein, M. Amor, culpa e reparação e outros trabalhos. Rio de Janeiro. Imago 1996.