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Vera Canhoni

Da responsabilidade pela destrutividade: Winnicott em pequenas doses

Da responsabilidade pela destrutividade:  Winnicott em pequenas doses 

da responsabilidade pela destrutividade

Parece relativamente fácil chegar à destrutividade que existe em nós quando ela está ligada à raiva perante a frustração ou o ódio em relação a algo que desaprovamos, ou quando é uma reação frente ao medo.

A dificuldade é cada individuo assumir plenamente responsabilidade pela destrutividade, que é pessoal e inerente a uma relação com um objeto sentido como bom – em outras palavras, que está relacionado ao amor.

responsabilidade e integração

A palavra que surge aqui é “integração”, pois, se se concebe uma pessoa totalmente integrada, então tal pessoa assume plena responsabilidade por todos os sentimentos e ideias que pertencem ao “estar vivo”.

Em contraposição, ocorre um fracasso de integração quando precisamos encontrar fora de nós as coisas que desaprovamos. Paga-se um preço por isso –  a perda da destrutividade que na verdade nos pertence.

saúde – responsabilidade – totalidade de sentimentos

Estou falando, portanto, de algo que tem que ocorrer em todo e qualquer indivíduo – o desenvolvimento da capacidade de assumir responsabilidade pela totalidade dos sentimentos e das ideias desse indivíduo, estando a palavra “saúde” intimamente relacionada ao grau de integração que torna essa ocorrência possível.

Uma coisa pode ser dita a respeito da pessoa saudável: ela não precisa ficar usando o tempo todo a técnica da projeção para lidar com seus impulsos e pensamentos destrutivos.

tolerância aos impulsos destrutivos – experiência de preocupação

A tolerância aos impulsos destrutivos resulta numa coisa nova: a capacidade de ter prazer em ideias, mesmo que sejam destrutivas, e as excitações corporais a elas correspondentes, ou às quais elas correspondam.

Tal desenvolvimento dá espaço para a experiência de preocupação, que em última análise é a base de tudo aquilo que for construtivo.

 

WINNICOTT. D.W. Tudo começa em casa. Trad. Paulo Sandler, 2ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

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