Adolescência – descoberta pessoal e identidade – Winnicott em pequenas doses
Adolescência – descoberta pessoal e identidade
A adolescência é essencialmente um período de descoberta pessoal. Cada indivíduo está empenhado numa experiência vital, um problema de existência, e de estabelecimento de uma identidade.
De fato, existe somente uma cura real para a adolescência: o amadurecimento. Isso e a passagem do tempo resultam, no final, no surgimento da pessoa adulta.
O processo não pode ser acelerado, embora possa, na verdade, ser interrompido e destruído por uma condução inepta; ou pode definhar intimamente quando existe doença psiquiátrica no indivíduo.
A irritação com os fenômenos da adolescência pode facilmente ser evocada pela referência descuidada à adolescência como um problema permanente, sem levar em conta que cada indivíduo está simplesmente em processo de tornar-se um adulto socialmente responsável.
Adolescência e primeiros tempos da infância
O modo como o indivíduo enfrenta essas mudanças e lida com as ansiedades decorrentes dela baseia-se, em grande medida, no padrão organizado desde os primeiros tempos da infância, quando houve uma fase similar de rápido crescimento emocional e físico.
Nessa fase anterior, aqueles que foram bem cuidados e eram saudáveis desenvolveram o chamado complexo de Édipo, ou seja, a capacidade para enfrentar as relações triangulares – aceitar a força total da capacidade de amar e as complicações que daí resultam.
Adolescência – meio ambiente e contexto familiar
O papel desempenhado pelo meio ambiente é muitíssimo significativo nesse estágio, tanto assim que, num relato descritivo, é preferível pressupor a existência e continuidade do interesse do pai e da mãe da própria criança e da organização familiar mais ampla.
Grande parte do trabalho de um psiquiatra concerne às dificuldades que surgem em relação com falhas e omissões ambientais nesta ou naquela fase, e esse fato só acentua a importância vital do ambiente e do contexto familiar.
WINNICOTT. D.W. Privação e Delinqüência. Trad. Álvaro Cabral, 3aed. São Paulo: Martins Fontes, 1999