Escrita: endereçamento e experiência – escritor criativo e devaneio – parte 1/2
Escritor criativo
Nós leigos, sempre sentimos uma intensa curiosidade em saber de que fontes esse estranho ser, o escritor criativo, retira seu material, e como consegue impressionar-nos com o mesmo e despertar-nos emoções das quais talvez nem nos julgássemos capazes.
Uma investigação dessa atividade nos daria a esperança de obter as primeiras explicações do trabalho criador do escritor.
Afinal os próprios escritores criativos gostam de diminuir a distância entre a sua classe e o homem comum, assegurando-nos com muita freqüência de que todos, no íntimo, somos poetas, e de que só com o último homem morrerá o último poeta.
Infância e traços de atividade imaginativa
Será que deveríamos procurar já na infância os primeiros traços de atividade imaginativa?
A ocupação favorita e mais intensa da criança é o brinquedo ou os jogos.
Acaso não poderíamos dizer que ao brincar toda criança se comporta como um escritor criativo, pois cria um mundo próprio, ou melhor, reajusta os elementos de seu mundo de uma nova forma que lhe agrade?
Brincar infantil e criação poética
O escritor criativo faz o mesmo que a criança que brinca. Cria um mundo de fantasia que ele leva muito a sério, isto é, no qual investe uma grande quantidade de emoção, enquanto mantém uma separação nítida entre o mesmo e a realidade. A linguagem preservou essa relação entre o brincar infantil e a criação poética.
Uma poderosa experiência no presente desperta no escritor criativo uma lembrança de uma experiência anterior (geralmente de sua infância), da qual se origina então um desejo que encontra realização na obra criativa.
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Escrita: endereçamento e experiência – escritor criativo e devaneio – parte 2/2
FREUD, S. Escritores Criativos e Devaneio. In: Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, Volume IX (1906 -1908). Trad. Sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro, Imago, 1994.