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Vera Canhoni

Luto e melancolia parte 2/2 – Freud em pequenas doses

Luto e melancolia parte 2/2 – Freud em pequenas doses

Melancolia – ambivalência nas relações amorosas

A perda de um objeto amoroso constitui excelente oportunidade para que a ambivalência nas relações amorosas se faça efetiva e se manifeste.

O conflito devido à ambivalência empresta um cunho patológico ao luto, forçando-o a expressar-se sob a forma de auto-recriminação, no sentido de que a própria pessoa enlutada é culpada pela perda do objeto amado.

Na melancolia, as ocasiões que dão margem à doença vão, em sua maior parte, além do caso de uma perda por morte, incluindo as situações de desconsideração, desprezo ou desapontamento, que podem trazer para a relação sentimentos opostos de amor e ódio, ou reforçar uma ambivalência já existente.

A ambivalência constitucional pertence por natureza ao reprimido; as experiências traumáticas em relação ao objeto podem ter ativado certo material reprimido.

Assim, tudo que tem a ver com essas lutas devidas à ambivalência permanece retirado da consciência, até que o resultado característico da melancolia se fixe.

Melancolia transformada em mania

A característica mais notável da melancolia, e aquela que mais precisa de explicação, é sua tendência a se transformar em mania – estado este que é o oposto dela em seus sintomas.

Alguns casos seguem seu curso em recaídas periódicas, entre cujos intervalos sinais de mania talvez estejam inteiramente ausentes ou apenas muito leves.

Outros revelam a alteração regular de fases melancólicas e maníacas que leva à hipótese de uma insanidade circular.

Vários investigadores psicanalíticos já puseram em palavras que o conteúdo da mania em nada difere do da melancolia, que ambas as desordens lutam com o mesmo complexo, mas que provavelmente, na melancolia, o ego sucumbe ao complexo, ao passo que, na mania, domina-o ou o põe de lado.

 

Eventos

 

FREUD, S. A Historia do Movimento Psicanalítico: artigos sobre metapsicologia e outros trabalhos In: Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, Volume XIV. (1914-1916) Trad. Sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro, Imago, 1994.

 

 

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