Psicanálise: A confiança no ambiente e contexto analítico – parte 1/5 – Vera Canhoni
Só há um modo de escapar de um lugar: é sairmos de nós.
Só há um modo de sairmos de nós: é amarmos alguém.
Mia Couto
A confiança como condição essencial
Como base para todo e qualquer trabalho analítico a confiança é condição essencial e indispensável que tece, costura e permeia as vicissitudes e os desdobramentos afetivos provocados pela experiência de uma análise.
A confiança no ambiente e contexto analítico se desenha de modo mútuo, mas de maneira singular entre um analista e seu analisando. Ainda assim, se estabelece como condição sine qua non para sedimentar os alicerces para a autenticidade e originalidade que o encontro e a comunicação com o outro pressupõe.
Confiança e enraizamento nas experiências primordiais – núcleo isolado do self
Tomando por base as construções teóricas winnicottianas é preciso considerar que se algo da confiança é capaz de se atualizar e (re) atualizar nas relações de troca entre os seres humanos seu enraizamento se encontra nas experiências mais primordiais do desenvolvimento em face à fidelidade e previsibilidade dos cuidados.
Bem, relatarei breves momentos experimentados com Estela a fim de compreender como alguns aspectos da confiança em seus modos mais inusitados podem se apresentar dentro ou fora do ambiente e contexto analítico.
Em paralelo, traçarei considerações a respeito da preservação do núcleo isolado do self (conceito e premissa caro à abordagem winnicottiana) quando nos aventuramos às tentativas de entendimento em face da complexidade das trocas e relações humanas.
http://www.veracanhoni.com/psicanalise-confianca-ambiente-contexto-analitico-parte-2-5/
Referências Bibliográficas:
COUTO, M. A Confissão da Leoa, Companhia da Letras, 2012
ROSA, G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
WININICOTT, D. W. Comunicação e falta de comunicação levando ao estudo de certos opostos. In: D.W.Winnicott. O Ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Trad. Irineo Constantino Schuch Ortiz. Porto Alegre: Artmed, 1983.