Escritura e caráter instável
Barros – poeta do Pantanal
A língua, para Manoel de Barros, é liquida, sua escritura está imbuída do caráter instável das águas, que se traduz figurativamente numa linguagem marcada por uma série de descontinuidades e instabilidades: sintáticas, lexicais, semânticas.
Manoel de Barros – poeta do Pantanal
Nisso, sim, ele é o poeta do Pantanal, ou seja, quando inventa para a língua uma retórica do pantanal, aquática, em que esta passa a obedecer um regime de constantes modificações.
Pantanal não tem limites – região ambígua e movente
Em O livro de pré coisas, o poeta afirma que o “pantanal não tem limites“. Isso porque o seu regime de secas e enchentes o torna uma região ambígua e movente.
Assim é a língua de Manoel de Barros dotada daquilo que Francis Ponge chamaria de uma anfibiguidade.
Adalberto Muller
Muller, A. Manoel de Barros, Beco do Azougue, 2010