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Vera Canhoni

Escrita: endereçamento e experiência – estilo e ancestralidade

Escrita: endereçamento e experiência – estilo e ancestralidade

Do nosso estilo e ancestralidade: a falta e a linguagem como expressão àquilo que nos compele.

Do meu estilo não posso fugir. Ele não é só uma elaboração verbal. É uma força que deságua. A gente aceita um vocábulo no texto não porque o procuramos, mas porque ele deságua das nossas ancestralidades. O trabalho do poeta é dar ressonância artística a esse material. Penso que combinar o sentido com os sons é que produz o estilo. O barrismo há de acontecer nos meus textos porque vem de seu ser, de eu estar, de eu ter sido. Não há fugir. Estilo é estigma. É marca. Todo estilo contém as nossas ancestralidades. Ninguém consegue fugir do erro que é, do acerto que é. Vou ser sempre o que me falta. De forma que vou cair sempre no barrismo porque a gente é sempre uma falta de nós. Papel do poeta seja sempre o de obter o que falta nele. E falta tudo. Papel de poeta é obter uma linguagem que o complete. Esse objeto de linguagem que me completa há de ser meu estilo. O barrismo será sempre uma expressão de mim. Sou fiel ao erro que sou.

Manoel de Barros

Muller, A. Manoel de Barros, Beco do Azougue, 2010

http://www.veracanhoni.com/psicanalise-atendimentos-clinicos-para-adultos-e-adolescentes-temporariamente-atendimentos-remotos

http://www.veracanhoni.com/evento/encontros-escrita-e-pesquisa-orientacao-tcc-monografia-dissertacao/

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