Psicanálise: Processo analítico: comunicação e transferência – interpretação e manejo parte 2/2
Processo analítico: comunicação e transferência – interpretação e manejo
Neurose ou psicose de transferência – interpretação ou manejo
Na neurose de transferência o analisando não só preserva suas capacidades simbólicas para fazer “uso” de seu analista a partir daquilo que ele (analista) representa na dinâmica transferencial como mantém a capacidade para discriminar – via interpretação do analista – aquilo que aconteceu em seu mundo interno daquilo que está acontecendo no presente.
Na concepção winnicottiana a interpretação tem a função de discriminar ou diferenciar a figura do analista transferencialmetne experimentada como objeto subjetivo da figura real do analista (objeto objetivo).
“Ao produzir essa diferenciação – entre objeto subjetivo e objeto objetivo -, a interpretação ajuda o paciente a discriminar o que já aconteceu no passado daquilo que está acontecendo no presente, no mundo interno, repleto de fantasias, do mundo real, palpável.” Naffah Neto
Na neurose de transferência a interpretação é, em sua forma mais absoluta, o modo de ação do psicanalista para encaminhar um processo analítico.
No entanto, se se tratar de uma psicose de transferência a figura real do analista fica obscurecida e o analisando só poderá experimentá-lo como um objeto subjetivo.
Desse modo, é preciso fazer uso do manejo como dispositivo por excelência, pois uma série de modificações no ambiente e setting analítico devem ser realizadas com a finalidade de oferecer suporte, sustentação e apoio à continuidade do processo frente àquele que se encontra num estágio mais regredido e dependente.
Caracterizando um aspecto de muita dependência o analisando se encontra, como diria Winnicott, num “(…) estado profundamente regredido; regressão à dependência e aos processos de desenvolvimento iniciais (…)” o qual a adaptação suficientemente boa do analista deve propiciar as condições para a continuidade das experiências.
É nesse sentido que, segundo Winnicott, a interpretação perde a sua eficácia e o manejo transferencial – como modalidade de sustentação – deve oferecer suporte à possibilidade de regressão aos estados mais primitivos do desenvolvimento com o intuito de auxiliar o analisando a recuperar facetas de si mesmo.
NAFFAH, Neto A. (2010) “As funções da interpretação psicanalítica em diferentes modalidades de transferência: as contribuições de D.W. Winnicott.” Jornal da Psicanálise – São Paulo, v-43.
WINNICOTT, D. W. (1955). Formas Clínicas da Transferência. In: Da Pediatria à Psicanálise. Rio de Janeiro, Imago
http://www.veracanhoni.com/psicanalise-atendimentos-clinicos-para-adultos-e-adolescentes-vera-c/