Tempo e ritmo: reclusão e clausura – emergência do novo – O Feminino em Análise
Tempo e ritmo: Reclusão e clausura
O que agora me sucedia nesta imposta reclusão, já antes me tinha acontecido. Há dezesseis anos, (…) prostei-me na varanda vendo desfilar os dias. Sucedia comigo a mesma clausura que, num dado momento, ocorre com as borboletas. Eu migrava para um casulo, embrulhada no tempo e esperando que uma outra criatura emergisse de mim.
Mia Couto
Tempo: casulo e emergência do novo
No contínuo desfilar do exercício da escuta analítica e encontro com o outro, cabe ao analista, na sustentação do tempo e ritmo de cada processo analítico esperar pela emergência do novo.
Sem pressa ou afã para conhecer as borboletas, é fundamental consentir e testemunhar a reclusão e a clausura como dispositivos essenciais para um novo vir a ser.
Sem assombros ou espantos… freqüentemente encontro no jardim de minha clínica, uma série singular de casulos embrulhados no tempo…
Couto, M. A confissão da Leoa. São Paulo, Companhia da Letras, 2012