Psicanálise: Na prática do psicanalista: o poema e o self. Parte 2/4
Na prática do psicanalista: o poema e o núcleo isolado do self.
Transposição metafórica – mineração do ouro ao outro
O discurso reflexivo e analítico do poema denota um caráter peculiar em sua construção na medida em que a mineração (trabalho físico de escavação e exploração do minério na terra) é elevada, pela transposição metafórica, ao nível da análise mental.
A transposição metafórica da procura do ouro à procura do outro na relação com outro ser, não só se assemelha ao trabalho de escavação da terra (metaforicamente à decifração do outro), como à experiência de querer saber como é o outro da relação amorosa; o outro da relação analítica.
Ato material de lavrar – gerir o corpo alheio
Se o deslocamento do significado usual de mineração passa do plano material para o plano da esfera humana (ouro/outro) ele também desliza da preparação e cultivo da terra (ato de lavrar) à criação de alguma coisa ao fazer laços com o ato de saber ou gerir o corpo alheio.
Assim, no esforço exigido pela decifração (mineração) do outro, na
[…] via encrencada de querer saber como é o outro da relação amorosa […]
e, o outro que se configura na relação analítica, o poema revela o enlace paradoxal do amor já que abriga em seu núcleo algo da esfera do decifrável/indecifrável.
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https://www.veracanhoni.com/2017/02/13/psicanalise-pratica-psicanalista-poema-self-3-4/
ARRIGUCCI, Jr, D. Coração Partido: uma análise da poesia reflexiva de Drummond. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
DRUMMOND de ANDRADE, C. Obra completa, Rio de Janeiro: GB, Companhia José Aguilar, 1967.