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Vera Canhoni

Psicanálise: brincar na sala do psicanalista – Vera Canhoni

Psicanálise: brincar na sala do psicanalista

Brincar na sala do psicanalista

Há quem imagine que a sala de um psicanalista é um lugar sombrio, triste e carregado de certo humor angustiante e depressivo.

Obviamente há espaço para a tristeza e para os sofrimentos em seus diferentes graus, níveis e coloridos.

Assim como, para as angústias nas suas formas mais inomináveis e para as dores da existência.

No entanto, ainda que pareça paradoxal, é justamente pelo fato do psicanalista oferecer um espaço de acolhimento frente à diversidade de sentimentos e angústias que a alegria e a brincadeira – permeadas por uma justa e boa dose de humor – podem surgir na sala de um psicanalista.

 Brincar  é  liberdade da criação

Segundo D.W. Winnicott é apenas no brincar que podemos fruir a liberdade da criação.

[…] é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo – criança ou adulto – pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self).

Como um ingrediente fundamental na construção do espaço analítico, é possível pensar o brincar em diferentes e distintos momentos do encaminhamento de um processo analítico.

E, na medida em que o psicanalista institui as bases para um ambiente lúdico no interior do espaço analítico ele é capaz de construir e (re) construir novas formas de comunicação com seu paciente a cada encontro.

Na sobreposição das áreas lúdicas

No conjunto das suas elaborações D.W.Winnicott  é bastante preciso ao enfatizar que o brincar é uma forma altamente sofisticada e especializada a serviço da comunicação.

Comunicação que se estabelece numa dupla direção e movimento, pois envolve a comunicação consigo mesmo e com o outro.

Além do mais, o autor ressalta que a psicoterapia é efetuada na sobreposição de duas áreas lúdicas, a do paciente e a do psicanalista.

E, se por acaso, o terapeuta/psicanalista não pode brincar, então ele não se adapta ao trabalho. Se, no entanto, é o paciente que não pode brincar, então, algo precisa ser feito para ajudá-lo a tornar-se capaz de brincar.

A permissão para brincar

 Ao enfatizar as sutilezas contidas nas vicissitudes da comunicação que se estabelecem no reduto analítico D.W.Winnicott demanda a todo psicanalista a permissão ao paciente para manifestar sua capacidade para brincar, pois é por meio dela que encontrará

a capacidade para expressar sua criatividade: aspecto essencial ao trabalho analítico e suporte às experiências do self.

 

 

Eventos

 

 

WININICOTT, D. W. O Brincar: Uma exposição teórica In: D.W.Winnicott. O Brincar e a Realidade. Trad. José Octavio de Aguiar Abreu e Vanede Nobre. Revisão: Francisco de Assis Pereira. Rio de Janeiro: Imago, 1975. (Trabalho original publicado em 1971)

______. O Brincar: A atividade criativa em busca do eu (self). In: D.W.Winnicott. O Brincar e a Realidade. Trad. José Octavio de Aguiar Abreu e Vanede Nobre. Revisão: Francisco de Assis Pereira. Rio de Janeiro: Imago, 1975. (Trabalho original publicado em 1971)

 

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