O Feminino em análise: desejo de ser e amar
No marulhar das minhas escutas psicanalíticas Marias.. Patrícias… Cristinas… Solanges… Luizas…, relatam suas esperas e agonias contidas no desejo de ser e de amar..
Por que razão escapo do único ser que me terá amado? Não sei responder. A minha mãe costuma dizer que a água arredonda as pedras como a mulher molda a alma dos homens. Podia ter sido assim comigo. Não foi. Não houve nem amor, nem homem, nem alma. O que sucedeu é que, com o tempo, deixei de ter esperas. E quem deixa de ter esperas é porque já deixou de viver. E é por isso que fujo: tenho medo de ser devorada. Não pela ansiedade que mora dentro de mim. Devorada pelo vazio de não amar. Devorada pelo desejo de ser amada.
Belo retrato para o que há de abissal no amor..
Couto, M. A Confissão da Leoa, Companhia da Letras, 2012